bem-vindo/ bienvenido/ welcome


27 dezembro, 2007

poemazinho

as suas mãos são moldura
de rosto que não é pintura

Ignorância

As coisas que são boas
Pra serem cantadas
Por serem encantadas
Fazem com que a voz
Saia e sambe
Com as vontades
E as danças pacificadoras
Mas
As coisas mais apaziguantes
Por serem intraduzíveis
Não precisam
Das vozes e danças
Gritos ou molas...
No cristal da minha bola
A completude
Até pode ser
Baixar Atlas
E buscar altitudes...

09 dezembro, 2007

Bambuzal

Hora do almoço de domingo, entrar no carro, estacionado a uma sombra, e procurar por um restaurante gostoso e agradável, dentro do meu bolso. Aquele ali, aquele ali. Qual? O da esquina redonda, com mini-hibiscos na decoração da entrada. Mas naquele é difícil uma vaga para o carro. Não, não é não. Olha aqui uma vaguinha... Estaciona, estaciona... Trouxe dinheiro pro guardinha? Vou pagar na volta, com o troco. Deixa que eu pago então, são dois reais, não são? São. Olha os hibiscos! Som ambiente. Essa mesa está boa. De fácil acesso pro garçom e meio aqui no canto, onde não seremos incomodados se alguém beber muito, se alguém passar mal, se alguém tentar interagir conosco. Mas que medo é esse? Não é medo, é precaução, hoje em dia, eu nem abro mais a janela do meu ap pra não facilitar bala perdida. Rodízio. Cupim defumado senhor? Sim. Picanha? Claro. Abacaxi? Não, obrigado. Por favor, uma salada mista. Mista de que senhor? A mista, número um, por favor. E o senhor? A mista, número sete, com mostarda extra e gergelim, por favor. Linguiça Califórnia? Sim, obrigada. Na mesa vizinha dois fazendeiros discutindo as oscilações do preço da arroba bovina no Estado do Mato Grosso do Sul. Maminha? Sim. E eu com o ouvido grudado na caixa de som, deliciando besame mucho, com João Gilberto e Caetano Veloso, ao vivo em Buenos Aires, ao que se levanta o fazendeiro maior. Garçom, você faria a gentileza de trocar esse Roberto Carlos? Agora mesmo senhor. Toscana? Sim. O casal que dançava espremido entre o caixa e a geladeira sentou-se amargurado e pediu logo a sobremesa. Sorvete de baunilha com cobertura de goiabada. Medalhão senhor? Sim. E também a conta, por favor. Tchau tchau hibiscos.

24 novembro, 2007

Mosaico

Um pouco sou eu no mundo outro pouco é o mundo em muitos pedaços colados em mim, mosaicos de linhas e vertentes, que hora dizem, hora tendem, hora entendem, hora descolam pra voar papel picado e juntar em outros tornados. Às vezes os pensamentos povoam luas e martes e terras onde moram perigos iluminados. Meu povo me diz, com a boca da noite, felicidades pastoris e realidades anis. Com a mesma boca, contam os contos dos anos a fio, das plantações de flores sortidas, dos maracujás as laranjeiras, e doces e danças e cultos e lutas e lendas.  Habituemos-nos, a saber, e sentir que aqui e ali, neste ou noutro grupo, muitas coisas aproximam e distanciam ao mesmo tempo. As rixas e rimas cada um é quem canta. Para lá daqui, o que lhe agrada é seu e do todo;  o que não lhe agrada é seu e do todo. E tudo é meu também.

11 novembro, 2007

filho
..ilha
..mar
..mãe

..mur
.........murar
..pre
.........encher
..ali
......nhar


...aqui
...........ao lado
bêbado cantando na rodoviária
bésame mucho

em dueto com o eco



09 novembro, 2007

paSSeio


(para Pedro Afonso)


A vida
Ocupa
Espaço
De abraço de filho

As mãos
Foram feitas
Pra participarem
Do cabelo

Os rostos
Por vezes
Querem
Tocar os rostos

E as vozes
Também
Podem sair
Juntas

Mas antes,
Conferência do fôlego
Depois da curva
Da gargalhada



30 outubro, 2007

OM

Quando tudo
parece
desmerecer
esvazio
num canto
não mantra
e percebo
uma galáxia
interagindo
com a minha

27 outubro, 2007

. . . . . . . . . . .

a beleza

é expansível

. . . . . . . . . . .

deixe-a invadi-lo

até o fundo do Verso

. . . . . . . . . . .

25 outubro, 2007

Suavidades




As notícias chegam agora
Como se viessem sós.
Sem os autores.
Sem muitos achados.
E eu lendo meu Al-Chaer favorito...

Algumas pessoas chegam de jato
Outras chegam a pé, aos passos,
Como atores
Mas não em dia de procissão
Nem em dia com a esteira

Aquelas que têm em mente
Os favores, as Dolores, os folclores,
Os transtornos,
Sem memórias indeléveis,
Carregam o que passarão pros filhos

Outras têm em mente
Que a pessoa é uma só,
Sem pudores,
E pode desenvolver-se no mundo
Com os pés da própria alma

Eu, quando ia de trem,
Olhava as paisagens e bem
Que percebia as diferenças
Mas agora, indo de fibra óptica,
Nem consigo mais reparar...
NÃO DÁ TEMPO

O tempo de quem só tem por onde correr
No asfalto

De quem nada tem a dizer
Ao auto-atendimento

De quem só tem pra onde voltar
Quando erra o caminho

De quem nada pode esconder
Dos olhos fechados

De quem vira ponteiro
E não pula

De quem vira o avesso
E não acha

De quem toma mais um copo
E passa

Ó gente,
Que nem em si se vê pessoa
Que ao redor não vê espaço
Que no horizonte não vê uma linha
Que nem sabe que o olho vê, a princípio, pra fora.

21 outubro, 2007

Banana-passa

Curvas em s
Quinas em v
Quintas de sol
Poderiam durar...

entretanto

É bom eSSe cheiro de chuVa
Molhando as pimentas do meu quintal...

AtraveSSo chuVa,
molho pé, amaSSo uVas.
Olho um sol,
Não sei ver horas [Quer que eu veja?]

É bom eSSe cheiro de chuVa
Na minha salada tropical...

16 outubro, 2007

Cerâmica

Só quando pinta uma tela
dessas que lembram amigos, amores
dessas que trazem figuras,
cantores desses que mostram cores
na entrada da cidade,

e flores até a placa de boa viagem...

quando pinta dessa tela
um borro de vontade tranquila
eu acho barro

eu viro argila
e suas modelações

modulo,
não molduro

12 outubro, 2007

Recado refrão

Vi jangada saindo. Bateu-me ciúme das águas. Mesmo aSSim, escondi um sorriso, num canto de mar, pro meu bem achar. Tela sumiu, sal adoçou, meu bem demorou mas voltou cantando: felicidade é ser feliz, esse é o importante que eu importo da cidade virtual. O amor existe, o resto é sal.

05 outubro, 2007

Bem-vindo

Vastas horas sem tema
Todas frases sem pontos finais...
Puras reticências... Puras...
Sem continuidades todas as continuidades
Como anuidades a receber
Como dever que não se deve à prestação todas as apresentações
Todas representações gráficas
Nada fora dentro sempre a modificar
Todos os aos poucos e devagar e sempre
Em revezamento com o nunca
Mais ainda as formalidades... Todas as formalidades
As formações mal-acabadas... quem sabe
Todas alusões ao infinito, agora
Mil apontamentos sobre que é ser feliz, (?)
E o rigor da língua e das gravatas e das línguas e do terno amaSSado