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11 agosto, 2008

O velho do bambuzal

Tinha um pouco de solidão nisso tudo. Consequência da vontade, como nem sempre, mas tinha. O velho morava dentro do bambuzal e balançava com ele quando ventava. Nas tardes de menos vento, ele saía pra ver a luz do sol, e caminhava até que a cidade também se acendesse, nuns dias depois da lua, noutros antes dela. Carregava brotos numa cesta que havera confeccionado ao longo da adolescência. Era uma cesta de bordas altas, base ampliada, e alça simples lentamente torcida. As amarrações caíam em dois pontos separados pelo diâmetro. Algumas vezes, os brotos se deixavam ver de longe, outras vezes, se escondiam dentro da cesta, de maneira que quem comprasse ou ganhasse, por sorte, um deles, debruçava-se e esticava um braço inteiro para alcançá-lo ao fundo. As crianças, pequenas por natureza, é que se divertiam com isso. O velho do bambuzal sorria toda vez que uma delas, além do esforço inicial, ainda pedia apoio para ficar na ponta dos pés até alcançar o broto e, enfim, sair correndo. Olha mãe! Olha mãe! Um broto da cesta do Velho do Bambuzal! E com a cesta vazia, o velho ía para a praça, sentava-se num banco do tipo namoradeira, mais para um lado do que para o outro. Diante da fonte luminosa, seus olhos, além do que, viam... Ele suspirava, sorria, voltava pro bambuzal e dormia...dormia...