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30 abril, 2010

Generalizando, arte capaz ou incapaz?



"Uma figura chega a casa/ Com a dose semanal de auto-estima/ Distribui-a entre o frigorífico e os armários/ E verifica que a maior parte dela/ Se perdeu entre o supermercado e a casa" (Boaventura de S. Santos, Escrita INKZ)

Tento guiar-me pelo lema: vai, atravessa sem pressa; o qual, para os que acompanham a narrativa, com todos os “aos passos”, já está virando repetição, eco. Explico que essa quase gagueira não necessariamente seja disfluencia ou interrupção de um fluxo que pretende ser de informações, mas também de sentimentos, perspectivas, buscas e, muito provavelmente sobretudo, de sonho. É irresistível. O aroma desse sonho mexe com meu estômago e deixo tombar as fileiras dos dominós. Por isso às vezes me assusto, principalmente quando um dos dominós sou eu. Hoje pela manhã, a exemplo do processo, por motivos cotidianos que atropelam a todos nós e que vem assim batendo palminhas leves e rapidíssimas gritando vai vai vai..., pensei na pontezinha, como quem recorre a uma imagem de um santo e não reza, e atravessei como quem passa por um lamaçal e não se suja. Obviamente isso é possível (!) na esfera da imaginação. Pois quem é que consegue atravessar na paz um ônibus superlotado? Ou então uma noite de sono tranquila estando a mãezinha doente? A fúria da natureza e de alguns humanos? Eu não sei...não sei... E é dessa maneira que nem sempre vou levando os desdiálogos entre minha mônada-andamento e minha mônada-cão.

27 abril, 2010

Aos estalares do tempo estrelar

Chegara por onde nada havia nem caminho
      [Com mochila que não carregara, livros que não existiam]
Atrás da porta que nunca abrira
      [Depois do topo da escada que não subira]
E aí fora construindo lentamente uns mundos
      [Aos estalares do tempo estrelar]

14 abril, 2010

Em contraste ao momento 'não carinho'


"Raciocinar a minha tristeza? Para quê, se o raciocínio é um esforço? e quem é triste não pode esforçar-se. Nem mesmo abdico daqueles gestos banais da vida de que eu tanto quereria abdicar. Abdicar é um esforço, e eu não possuo o de alma com que esforçar-me." (Bernardo Soares)
 
Alguém não vê mais
não percebi mais nada


desligou-se
acabou-se
adormeceu-se
enebriou-se
da morte
virou tumba
esqueceu-se
da rumba
não existe mais


Como pode ter assim, saído
nas suas indas e vindas,
dos trilhos da vida?


Por que teria desistido de si?
se tudo é incerto
e o nada certo
contraria o vazio, o em branco
na medida em que os domina
por infinitas possibilidades?


Alguém é a anti-vaidade
vai... tonto...

desejaria felicidades
mas ao repensar
disperso...


e para me aliviar
dessa indelicadeza adquirida
que me ronda o pensamento
num momento sentimento:
beira Mar del Plata caminho...
Será ótimo o show do Toquinho!