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11 novembro, 2013

Drummond

A HORA DO CANSAÇO
As coisas que amamos,
as pessoas que amamos
são eternas até certo ponto.
Duram o infinito variável
no limite de nosso poder
de respirar a eternidade.

Pensá-las é pensar que não acabam nunca,
dar-lhes moldura de granito.
De outra matéria se tornam, absoluta,
numa outra (maior) realidade.

Começam a esmaecer quando nos cansamos,
e todos nos cansamos, por um ou outro itinerário,
de aspirar a resina do eterno.

Já não pretendemos que sejam imperecíveis.
Restituímos cada ser e coisa à condição precária,
rebaixamos o amor ao estado de utilidade.

Do sonho de eterno fica esse gozo acre
na boca ou na mente, sei lá, talvez no ar.

22 junho, 2012

Milton Nascimento - Promessas do sol

"Você me quer forte
E eu não sou forte mais
Sou o fim da raça, o velho que se foi
Chamo pela lua de prata pra me salvar
Rezo pelos deuses da mata pra me matar
Você me quer belo
E eu não sou belo mais
Me levaram tudo que um homem podia ter
Me cortaram o corpo à faca sem terminar
Me deixaram vivo, sem sangue, apodrecer
Você me quer justo
E eu não sou justo mais
Promessas de sol já não queimam meu coração
Que tragédia é essa que cai sobre todos nós?
Que tragédia é essa que cai sobre todos nós?" M.N.- promessas de sol

22 maio, 2012

eu conheço pessoas que vivem falando mal do sistema mas sempre estão tentando vender uma imagem.....pensei isso ao assistir esses vídios maravilhosos:

23 abril, 2012

SOL EM AQUÁRIO, ASCENDENTE EM ÁRIES – O PIONEIRO


Decididamente, Gláucia, você pensa em termos de uma realidade maior do que apenas a sua própria. De uma forma bem objetiva, a combinação de Aquário solar com Áries ascendente configura uma natureza voltada para questões sociais mais amplas, alguém que compreende de forma instintiva que uma floresta só pode ser verde se todas as árvores forem verdes.



Seu desejo de mudar o mundo, entretanto, pode ter algo de irrealista. Sua boa vontade dava pra preencher todo o Céu, Gláucia, mas é preciso trabalhar com bases realistas. De todo modo, você tem um excelente sentido social e pode vir a ser um líder de grupo, ou batalhar por causas sociais, trabalhando com ONGs ou sendo voluntário em causas ecológicas e sociais.



Você enxerga adiante, Gláucia, e por isso mesmo pode lhe parecer difícil lidar com o fato de que nem todo mundo compreende as coisas da forma como você vê. Muitas vezes o nosso mundo lhe parece uma terra de bárbaros, um mundo primitivo, pois você percebe como as coisas poderiam ser. Isso pode lhe garantir uns bons acessos de rabugice e de surtos de "gênio incompreendido". Entretanto, é preciso encarar as coisas como elas são, a fim de poder transformá-las. Como você tem o poder de inspirar os outros, pode se fazer valer desta força para despertar as pessoas e mostrar pra elas que a vida é mais do apenas seus próprios umbigos.

entendeu agora?

09 abril, 2012

"...Cause the World it's inside of me


Yo creo en mí


Y en mi manera de decir


Lo que pienso


Yo creo en mí


Y en mi manera de sentir


Lo que siento


Yo creo en mí


Y en mi manera de pensar


En lo que digo


Yo creo en mí, en tí, en mí


Y en tí y en mí


A mi manera






Tira corazón


Que él que gusto da


Placer se lleva"..."






.

Deserto tão amplo, doador de miragens

rosa de areia, camelo e oásis.

.

27 março, 2012

samba a quem me queira amar

"Quien me quiera amar,
Amará tambien lo peor de mi, con ardor"

 

 

Não dá mais pra fazer um samba pra

você me fez perder a nota lá

eu estava até pensando que iria dar

pensando que iria, iria, iria chegar

em algum lugar...

 

Cheguei, cheguei, cheguei mas eu não vi

eu estou, eu estou, eu estou aqui

sambei, sambei, sambei e não sai

e nem foi tanto assim, diminui

 

porque não dá pra fazer samba pra

quem ta pensando que conseguiu roubar

minha nota lá

 

agora eu vou fazer um samba pra

quem ta querendo e me querendo amar

tem que saber, saber, saber cantar

tem que saber, saber, saber dançar

 

sambei, sambei, sambei e já sai

eu to por cima pra poder voar

cê ta por baixo eu não estou nem aí

agora eu quero saber... se eu posso mentir?

04 março, 2012

"Só se pode viver perto de outro, e conhecer outra pessoa, sem perigo de ódio, se a gente tem amor. Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura."
 
Guimarães Rosa - Grande Sertão Veredas(1956)


18 junho, 2011

Sobre Fernando Pessoa
Por José Saramago

"Era um homem que sabia idiomas e fazia versos. Ganhou o pão e o vinho pondo palavras no lugar de palavras, fez versos como os versos se fazem, como se fosse a primeira vez. Começou por se chamar Fernando, pessoa como toda a gente. Um dia lembrou-se de anunciar o aparecimento iminente de um super-Camões, um camões muito maior que o antigo, mas, sendo uma pessoa conhecidamente discreta, que soía andar pelos Douradores de gabardina clara, gravata de lacinho e chapéu sem plumas, não disse que o super-Camões era ele próprio. Afinal, um super-Camões não vai além de ser um camões maior, e ele estava de reserva para ser Fernando Pessoas, fenómeno nunca visto antes em Portugal. Naturalmente, a sua vida era feita de dias, e dos dias sabemos nós que são iguais mas não se repetem, por isso não surpreende que em um desses, ao passar Fernando diante de um espelho, nele tivesse percebido, de relance, outra pessoa. Pensou que havia sido mais uma ilusão de óptica, das que sempre estão a acontecer sem que lhes prestemos atenção, ou que o último copo de aguardente lhe assentara mal no fígado e na cabeça, mas, à cautela, deu um passo atrás para confirmar se, como é voz corrente, os espelhos não se enganam quando mostram. Pelo menos este tinha-se enganado: havia um homem a olhar de dentro do espelho, e esse homem não era Fernando Pessoa. Era até um pouco mais baixo, tinha a cara a puxar para o moreno, toda ela rapada. Com um movimento inconsciente, Fernando levou a mão ao lábio superior, depois respirou fundo com infantil alívio, o bigode estava lá. Muita coisa se pode esperar de figuras que apareçam nos espelhos, menos que falem. E porque estes, Fernando e a imagem que não era a sua, não iriam ficar ali eternamente a olhar-se, Fernando Pessoa disse: “Chamo-me Ricardo Reis”. O outro sorriu, assentiu com a cabeça e desapareceu. Durante um momento, o espelho ficou vazio, nu, mas logo a seguir outra imagem surgiu, a de um homem magro, pálido, com aspecto de quem não vai ter muita vida para viver. A Fernando pareceu-lhe que este deveria ter sido o primeiro, porém não fez qualquer comentário, só disse: “Chamo-me Alberto Caeiro”. O outro não sorriu, acenou apenas, frouxamente, concordando, e foi-se embora. Fernando Pessoa deixou-se ficar à espera, sempre tinha ouvido dizer que não há duas sem três. A terceira figura tardou uns segundos, era um homem daqueles que exibem saúde para dar e vender, com o ar inconfundível de engenheiro diplomado em Inglaterra. Fernando disse: “Chamo-me Álvaro de Campos”, mas desta vez não esperou que a imagem desaparecesse do espelho, afastou-se ele, provavelmente tinha-se cansado de ter sido tantos em tão pouco tempo. Nessa noite, madrugada alta, Fernando Pessoa acordou a pensar se o tal Álvaro de Campos teria ficado no espelho. Levantou-se, e o que estava lá era a sua própria cara. Disse então: “Chamo-me Bernardo Soares”, e voltou para a cama. Foi depois destes nomes e alguns mais que Fernando achou que era hora de ser também ele ridículo e escreveu as cartas de amor mais ridículas do mundo. Quando já ia muito adiantado nos trabalhos de tradução e poesia, morreu. Os amigos diziam-lhe que tinha um grande futuro na sua frente, mas ele não deve ter acreditado, tanto assim que decidiu morrer injustamente na flor da idade, aos 47 anos, imagine-se. Um momento antes de acabar pediu que lhe dessem os óculos: “Dá-me os óculos” foram as suas últimas e formais palavras. Até hoje nunca ninguém se interessou por saber para que os queria ele, assim se vêm ignorando ou desprezando as últimas vontades dos moribundos, mas parece bastante plausível que a sua intenção fosse olhar-se num espelho para saber quem finalmente lá estava. Não lhe deu tempo a parca. Aliás, nem espelho havia no quarto. Este Fernando Pessoa nunca chegou a ter verdadeiramente a certeza de quem era, mas por causa dessa dúvida é que nós vamos conseguindo saber um pouco mais quem somos."
 
"Esta entrada foi publicada em Outubro 5, 2008 às 10:32 pm e está arquivada em O Caderno de Saramago. Pode seguir as respostas a esta entrada através do feed de RSS 2.0. Tanto os comentários como os pings estão actualmente fechados."

25 março, 2011

PESAR DO MUNDO



"pesar de tudo
pesar do peso
pesar do mundo
sobre si mesmo


pesar de nuvem
pesar de chumbo
pesar de pluma
pesar do mundo
desponta estrela
no vão imenso
por ti suspenso
à tua espera

tudo se afronta
pedra com pedra
a própria onda
quando se quebra

a melodia
onde me leva
onde alivia
onde me pesa


tudo se agita
durante a queda
o que sustenta
a nossa terra?

e nesse quando
somente um ritmo
peso e balanço
um som legítimo


canção sem medo
de você pra mim
ó meu segredo
te rezo assim:
desde o princípio
ao ponto cego
eu arremesso
um eco sem fim"


( José Miguel Wisnik/Paulo Neves)

20 março, 2011

bravíssimo!

que bonito o álbum AMÁLIA HOJE! - Nuno Gonçalves, Sónia Tavares (ambos dos The Gift), Paulo Praça (Plaza, Turbojunkie) e Fernando Ribeiro (Moonspell)

a liberdade com que Fernando Ribeiro passa, do 'heavy metal, metal gótico' (que é o termo utilizado pelos classificadores) ao fado, é poética. fora esse o objetivo, ou não fora, assim deveria ser um simples sempre,  e as faces de todos  revelariam lindas livres des surpresas...






16 janeiro, 2011


assim, te vendo dormir enxergo meu sonho, próximo e realizável....e tudo seria bem simples se esse fosse meu sonho único....

27 outubro, 2010

Sol

I
Tenho aqui uma sacada
Que quanto foi projetada
Já foi sendo pensada
Pra ter uma grade
Toda quadriculada
Quadradinhos de cinco por cinco
Ou mais ou menos essa medida
Em centímetros, delicados
Que se estendem de lado a lado
E preenchem a fotografia de cima a baixo
Tanto que
Recém peguei as chaves do mono ambiente e entrei com as malas
Já fui sentindo a necessidade de enganchar uma plantinha.
Foi quando sai para pesquisar o mercado das plantas do bairro Balvanera
E numa loja da Rua Pueyrredón achei uma primavera
Que perfeitamente se enrolaria na gradezinha.
Acontece que o pé de primavera cheio de flores estava por quase cem pesos
Claro que não comprei, sai e vinha andando pela Rua Viamonte
E um pouco antes do palácio das águas eu vi
Que uma vendedora ambulante,
Sentada na sarjeta com um saião rodado torcido e ajeitado entre as pernas,
Oferecia o mesmo pé de planta, a primavera cheia de flores, por trinta e cinco pesos
Ah! Que sorte a minha
Sentei, negociei e levantei com a planta
E vim trazendo-a como uma mulher fraca que carrega uma melancia com rabo de pavão.
Foi assim que cheguei de volta a casa.
Enganchei -a, enrolei- a, reguei-a
E virou um hábito cuidar da primavera tanto quanto aos poucos a sacada ficava rosa.



II
O fato é que o tempo foi passando e eu fui cada vez mais me enrolando com coisas que não tem nada a ver com as flores da minha sacada.
O trabalho vai aumentando e a rede social e não social exige muito e balança tanto quanto as redes das varandas, porém em proporções mais ampliadas, do tipo skycoaster multitudinario sem trava de segurança.



III
Como é que se pode considerar as noticias recentes dos países latinos? México, Chile, Equador, Haiti, Brasil, outros, todos, e a Argentina do dia 20 e 21 de Outubro de 2010. A cidade de Buenos Aires virou uma multidão de pessoas marchando pela Avenida Callao e Avenida Corrientes até a Casa Rosada, uma cidade em baixo da minha sacada, caminhando e cantando - “mira Cristina, que popular, assassina por lutar”. Motivo: o assassinato do jovem de 23 anos, Mariano Ferreyra, estudante de historia da Universidade de Buenos Aires. Os detalhes rolam na Internet na dimensão de um confronto político entre militantes partidários, trabalhadores terceirizados, empresa de transportes e movimento estudantil.



IV
De um dia complicado por transito, metro e linhas coletivas cortadas, aulas suspensas e a Universidade de Buenos Aires repudiando os atos de violência, volto a casa com vários vídeos amadores que não subo pela baixa qualidade audiovisual. Recorro à sacada e percebo um tapete cor-de-rosa, formado por flores que não estão caindo, mas que estão sendo cortadas por uma população de pequenos insetos branquinhos. Eu não domino as explicações científicas para esse caso, mas sei que uma delas tem relação com o fato do ângulo ser desfavorável ao Sol.



V
Brilhe em mim, ó Sol amarelo!
transfira-nos a todos nós os componentes vitais
amanhã te esperaremos sob o ângulo mais indicado
e não passaremos filtro solar nas ideias
e não levaremos lenços ou chapéus
e chegará um momento de tanta luz
que abriremos os olhos sem dores
e o Sol brilhará em nós
um brilho maior que o brilho 
dos cabelos dos nossos amores




31 agosto, 2010

primeiro a criança perguntou o que é: árvore

 "Lo único que queda del encuentro es la seguridad de que los adultos no tenemos la menor idea sobre el verdadero significado de las palabras" (Gabriel Garcia Márquez)

primeiro a criança perguntou
o que é: árvore
depois, o que é: fruta
depois, o que é: vitamina
e fez uma sequência de perguntas
até chegar noutra
que foi virando rima


o que é essa coisa
a memória
onde é que ela mora
por onde é que ela ia
vir a ser poesia
ou ter um e outro ai
e pra onde é que ela vai
é desprovida de lugar
ou tem cantinho certo
um lar
quanto tempo longe
quantos metros perto
tem tamanho
tem idade
que parentesco tem
com a saudade
é filha, ou é pai


a memória, criança minha,
esse recurso humano,
e de outros seres vivinhos,
que nos faz recordar
outros passados anos
é como um cofrezinho
em que guardamos o que aprendemos
tudo o que vivemos
desde pequenininhos


uma história é possuir memória
outra, é o poder de lembrar


há até um sujeito
de nome Paulinho
que canta assim, na viola:
meu filho tome cuidado,
quando eu penso no futuro
não esqueço o meu passado...


o agora: é um presente!
e essa coisa, a memória
por estar grudada e costurada,
é impossível ser evitada
na construção do amanhã,
na escolha em ser o mocinho,
ou, criança minha, o malvadinho....
e o verbo escolher, menino,
é deixado de fora por muitos memórias,
não se esqueça.

26 agosto, 2010

...traremos

ser intruso
em terra ousada
a qual abre portas
e um acordeon inteiro
tantas vezes quantas mandar o tango
onde até no silencio há passos,
pernas coreografadas
em oito trançados tempos
mais longos que o tempo
da já mais que ensaiada semana

ser intruso...
posso sair pela rua oferecendo-a nada
 dinheiro, nada!
mulata, nada!
músculos faciais rígidos, imóveis

ganhando inexistir o virtual
na aula de desvendar

elementos da natureza...
extensão das humanidades...
é contato, e sabemos


sempre trará prazeres
sempre trará desgostos
trará, trarão, traremos...

13 agosto, 2010

admirável




FOME





   Romance FOME de Knut Hamsun, de 1890.
Título do original norueguês: Sult.
Tradução de Carlos Drummond de Andrade.
Editora Delta, Rio de Janeiro, 1963.

Ilustrações de G. Lambert.



"Traços semelhantes, bem humanos, e ainda outros, em vez de debilitar, reforçam a impressão causada pelo conteúdo clássico da narrativa. Dissipam a apreensão que poderíamos sentir ao ver o ideal cintilando a expensas da verdade; garantem a sinceridade do desenho, a verdade das imagens e dos personagens. O que encerram de humanidade geral não escapa a ninguém. A prova está no acolhimento que esta obra encontrou em povos de língua, caráter e de costumes diferentes. Além disso, pela leve tintura de humor sorridente, que o autor põe nos traços mais tristes de sua narrativa, ele próprio nos mostra como se compadece da natureza e do destino humanos. Ao narrar, porém, não se afasta nunca da mais completa serenidade artística. O estilo despojado de vãos ornamentos capta com segurança e clareza a realidade das coisas, e aí vamos encontrar, sob forma pessoal e vigorosa, toda a riqueza de tonalidades da língua materna do escritor" ( trecho retirado do discurso de recepção pronunciado pelo Dr. Harald Hjarne, no dia 10 de Dezembro de 1920, por ocasião da entrega do Prêmio Nobel de Literatura ao escritor norueguês Knut Hamsun, por sua obra Os Frutos da Terra.)  




"Posso deter-me de novo para escutar o murmúrio da floresta. Serão ondas do Egeu, a sussurrarem a meus ouvidos? Será a torrente Glima? De tanto ficar assim a escuta, sinto-me enfraquecer; assaltam-me recordações de minha vida, milhares de alegrias, músicas, jogos e flores. Nenhum esplendor é comparável ao murmúrio da floresta, a esse balanço, a essa loucura: Uganda, Tananarive, Honolulu, Atacama, Venezuela..." (Knut Hamsun)

17 junho, 2010

Haveria de bom em estar entre
e não ser ponte
estar com o coração
mais pra lá
que pra cá

Aliás
o corpo inteiro,
a mão que telefona
e abre e-mail

Agora,
mais pra cá,
onde a cor é outra
também o corpo quer ser outro
mas está proibido
pelas leis mais naturais

alguma coisa resiste por fora
ocupa um lugar
e o que existe por dentro, transforma

também o tempo quer ser outro
outra estranha relatividade

A poesia é  o colete salva-vidas


A poesia é o vento
que vai daqui pra lá
e vem de lá pra cá




------
No vendaval infinito
percorrem o ciclo
algumas figuras altamente
teatralizáveis e sensíveis.
Figuras voam, figuras vagam
a fim de que as encontremos:

algo de Jorge Luis Borges:





02 junho, 2010

*


Pareço que afundo no celeste
Desse azul que parece céu

Essa rua, a minha,
é a mais colorida de celeste
mais colorido do agreste

E esse azul predominante
que piso,  pego
e emaranha meu cabelo quando voo
desbota paciência
gruda na sola do
pinga da barra da calça
e entope o cano da pia

Pareço que afundo no celeste
Desse azul que parece meu
E pareceria sempre ser
Se não tivesse passado
A parecer ser mais da rua
De la nación hermana

Parece que me afundo no celeste
Desse azul que passa ser meu
E agora o é, grudou, o sou

E não desisto de tentar misturar com a dele
a minha lingua vermelha, lingua flor amarela

São  dele meus  esforços de reciclagem
a minha blusa de lã
a coceira pra repensar credo e cor
os empirismos e salto criativos
para internalizar o que parecia ser
muito muito muito
regional, contrario e adverso
ao meio da minha nascente

mono cor fria, topo de colina
repelente traiçoeiro: atrai
e aproximo-me...e aproxima-se...
pelo lado contrário,
e há alguma proporcionalidade
entre estarmos menos distantes
enquanto mais diferentes
(trecho do Livro que não existe)