Hora do almoço de domingo, entrar no carro, estacionado a uma sombra, e procurar por um restaurante gostoso e agradável, dentro do meu bolso. Aquele ali, aquele ali. Qual? O da esquina redonda, com mini-hibiscos na decoração da entrada. Mas naquele é difícil uma vaga para o carro. Não, não é não. Olha aqui uma vaguinha... Estaciona, estaciona... Trouxe dinheiro pro guardinha? Vou pagar na volta, com o troco. Deixa que eu pago então, são dois reais, não são? São. Olha os hibiscos! Som ambiente. Essa mesa está boa. De fácil acesso pro garçom e meio aqui no canto, onde não seremos incomodados se alguém beber muito, se alguém passar mal, se alguém tentar interagir conosco. Mas que medo é esse? Não é medo, é precaução, hoje em dia, eu nem abro mais a janela do meu ap pra não facilitar bala perdida. Rodízio. Cupim defumado senhor? Sim. Picanha? Claro. Abacaxi? Não, obrigado. Por favor, uma salada mista. Mista de que senhor? A mista, número um, por favor. E o senhor? A mista, número sete, com mostarda extra e gergelim, por favor. Linguiça Califórnia? Sim, obrigada. Na mesa vizinha dois fazendeiros discutindo as oscilações do preço da arroba bovina no Estado do Mato Grosso do Sul. Maminha? Sim. E eu com o ouvido grudado na caixa de som, deliciando besame mucho, com João Gilberto e Caetano Veloso, ao vivo em Buenos Aires, ao que se levanta o fazendeiro maior. Garçom, você faria a gentileza de trocar esse Roberto Carlos? Agora mesmo senhor. Toscana? Sim. O casal que dançava espremido entre o caixa e a geladeira sentou-se amargurado e pediu logo a sobremesa. Sorvete de baunilha com cobertura de goiabada. Medalhão senhor? Sim. E também a conta, por favor. Tchau tchau hibiscos.