bem-vindo/ bienvenido/ welcome


09 março, 2009

dessa alma brasileira
até bandeira dá bandeira
chico na cabeceira
lenine na brincadeira
amigos no coração
tipo colonização
portuguesa
amazonia me preserva
reserva exportação




"Jack Soul Brasileiro
Do tempero, do batuque
Do truque, do picadeiro
E do pandeiro, e do repique
Do pique do funk rock
Do toque da platinela
Do samba na passarela
Dessa alma brasileira
Eu despencando da ladeira
Na zueira da banguela..."

20 fevereiro, 2009

As aparências enganam

(de Sérgio Natureza/Tunai)


As aparências enganam, aos que odeiam e aos que amam
porque o amor e o ódio se irmanam na fogueira das paixões
os corações pegam fogo e depois não há nada que os apague
se a combustão os persegue, as labaredas e as brasas são o alimento,
o veneno e o pão, o vinho seco, a recordação dos tempos idos de comunhão,
sonhos vividos de conviver
.
As aparências enganam, aos que odeiam e aos que amam
porque o amor e o ódio se irmanam na geleira das paixões
os corações viram gelo e, depois, não há nada que os degele
se a neve, cobrindo a pele, vai esfriando por dentro o ser
não há mais forma de se aquecer,
não há mais tempo de se esquentar
Não há mais nada pra se fazer,
senão chorar sob o cobertor
.
As aparências enganam, aos que gelam e aos que inflamam
porque o fogo e o gelo se irmanam no outono das paixões
os corações cortam lenha e, depois, se preparam pra outro inverno
mas o verão que os unira, ainda, vive e transpira ali
Nos corpos juntos na lareira, na reticente primavera
no insistente perfume de alguma coisa chamada amor.

30 dezembro, 2008



Existe uma vontade
calada de estar sempre
por desejar ser vontade
de pressa, urgência
de segundo grudado
na alma, no logo,

no now, no já



como aquela tarde
boa de passear
imagem bonita
tão calma
tão longe
eu vou pra lá.


vai poesia?

ou anestesia?



29 outubro, 2008

Roda Flórida!

Outro dia foi aniversário da minha cidade. Só há dúvidas sobre a brancura de Itabira ser maior e com que olhos eu vejo. No Rio é notícia nova de novo, roubaram os óculos não fixos do Drummond esculpido. O que talvez não seja absurdo. Mas Aqui é Flórida Paulista, e só haverá uma estátua na praça daqui a muitos e muitos anos. Sábado teve comemoração. O Velho do Bambuzal abriu as festividades cantando em cima dum banco: Flórida florida, Flórida florida, perto de Flora Rica, rica é sua fonte, rica é sua fonte, no centro do centro eu sento e centro, eu sento e centro e o tempo roda a flor e dá.

23 setembro, 2008

É BOM

é bom
olhar
o mundo
do alto

melhor
é olhar
para si
por dentro

um mundo
no meio
do templo

vazios
não ocos

vazios
barrocos

e existe ainda,
e além, o Outro,
quem me invade
quando
é meu o esforço
da mira.

13 setembro, 2008

Sambão

eu vou cantar um samba
e em cada novo começo
renovarei a batida

eu vou cantar na nota
da sua imaginação,
ela sabe qual é o ritmo
quando chega o verão

eu vou ouvir mil vezes
Saudosismo
pra entrar na rima do clima
da minha missão

11 agosto, 2008

O velho do bambuzal

Tinha um pouco de solidão nisso tudo. Consequência da vontade, como nem sempre, mas tinha. O velho morava dentro do bambuzal e balançava com ele quando ventava. Nas tardes de menos vento, ele saía pra ver a luz do sol, e caminhava até que a cidade também se acendesse, nuns dias depois da lua, noutros antes dela. Carregava brotos numa cesta que havera confeccionado ao longo da adolescência. Era uma cesta de bordas altas, base ampliada, e alça simples lentamente torcida. As amarrações caíam em dois pontos separados pelo diâmetro. Algumas vezes, os brotos se deixavam ver de longe, outras vezes, se escondiam dentro da cesta, de maneira que quem comprasse ou ganhasse, por sorte, um deles, debruçava-se e esticava um braço inteiro para alcançá-lo ao fundo. As crianças, pequenas por natureza, é que se divertiam com isso. O velho do bambuzal sorria toda vez que uma delas, além do esforço inicial, ainda pedia apoio para ficar na ponta dos pés até alcançar o broto e, enfim, sair correndo. Olha mãe! Olha mãe! Um broto da cesta do Velho do Bambuzal! E com a cesta vazia, o velho ía para a praça, sentava-se num banco do tipo namoradeira, mais para um lado do que para o outro. Diante da fonte luminosa, seus olhos, além do que, viam... Ele suspirava, sorria, voltava pro bambuzal e dormia...dormia...

21 julho, 2008

Imaculada (ou além do que se vê)

Ninguém pode ser difuso como luz,
em lugar de esparso vento subliminar,
sem sublinhar as mensagens da óptica.

Há impressões que ficam
há impressões que passam
para o outro lado do óbvio.

25 junho, 2008

atravessa II

Um livro me mandou
Olhar pela janela vou
Ver a cidade sem
Saber se contemplo mais
A rua ou os pessoais

Lê esse poema
e atravessa essa tela
atravessa suas veias ou artérias
atravessa uns miolos perdidos
o ar dos pulmões
a Amazônia
o Atacama


enquanto te atravesso
entrando pelas retinas
saindo na contra mão

passo insônia
eu passo a mil
e uma noite paSSa

23 junho, 2008

Eis o Caramujo da Paz! Que me faz feliz...

.
.
.
Agora
eu tenho
o Caramujo
da Paz
.
Agora
eu vou
no rastro
EU VOU NO RASTRO
grudento
da paz
.
.
.
Ode ao Caramujo da Paz
Salvem, salvem!/Eis o caramujo da paz!/Ele adentra sóbrio/Ao espetáculo da vida/E deixa seu rastro de gosma/È caramujo/Mas é também homem/(Perspectiva ilusória)/Algures, alguém perguntará/Se pode um bicho/Assim tão mesquinho/E insublime/Ser emblema da paz/Mas quem se oporá/A tal virtude/Se dela é que criamos/Uma eternidade?/Pode sim, eu digo!/Claro que pode!/Eis o caramujo paz/Em sua insígnia de glória/Eis o rastro de gosma/E suas infinitas reticências.../Não me recriminem/Ó mestres!/Tenham complacência/Eis que mostro a face/De beleza do caramujo/Depois que anos se passarem/Ele estará na bandeira/De nosso país/E todos cantaremos honrados/Viva! Viva!/Eis o caramujo da paz!/Que me faz feliz...(Rodrigo)
.
.
.

20 junho, 2008

postagem Los Hermanos

Que saudade dos meus amigos
que me entendem com frangos e goiabadas
com três televisões e paredes pintadas (decoradas)
com risos e alucinações...
que saudade dos meu amigos tão lindos...
que... não comem mais comigo!

(para Cássia, Kaik, Giselle, Júlia, Guilherme)

27 maio, 2008

(´meu coração tem um sereno jeito`)

Meu coração
está no desencontro da espera
pra viver ou ceder ou pedir,
a mim e qualquer um:

sonha pra sonhar

as "maravilhas" dos nossos séculos,
casa mesa tela sal

as "maravilhas" do nosso nexo,
agridoce vendaval

as "vontades" dos beijos selados,
dispensam Carnaval


Desfruta concordar
em gestos e mãos
pois que senão
derrubo castiçal

Opiniões não
precisam ser
grunhidas
de nenhuma
maneira.
Incendeia...
mas depois,
joga água
com borrifador.

DESABAMENTO

Por que mente, amigo? Nas rodas de sábado, nos livros, pelas vilas, pelo interfone, para o motorista, para tuas paredes, para teus vizinhos, para o teu cãozinho, para as tuas crianças, para o cobrador, pelo troco? Para a tua menina, pelas pernas? Por que mente pelo caminho, pelas caronas? Por que mente pela manhã, depois das madrugadas? No comércio, nas feiras. Pelos serviços? Pelos favores? Por que mente nas conversas, por aí, sobre si, por entre risos?

Construir-se pelo discurso em terreno de areia, em terra de surdos, em telas de cegos, é também inventar-se, ser sem alicerce e seguir impune por entre os riscos de desabamento.
(Eu não estou falando, com isso, sobre as verdades, as sinceridades, os pontos de todas as vistas ou qualquer coisa assim. E menos sobre as buscas no mundo ou a eterna busca nos mundos do mim.)

26 maio, 2008

Sussuros

No dia em que
Um homem
Parou
Num lugar parado
Olhou
Um olhar parado
Conversou
Uma conversa olhada
Mastigou
Um beijo conversa
E engoliu
Gritos
Com cerejas,

Soaram
Por dentro
Apaziguantes
Desejos de paz

e suSSurros.

25 maio, 2008

Uma mina de idéias

Sou eu quem brota em mim,
uma mina.
Sou eu nessas palavras, calos
de ideias.
São meus os dedos tortos
e
não há ideias
não há ideias
não há ideias
bem aí,
você lê:
não é você.

04 maio, 2008

Na beirada da estrada

Na beirada da estrada tem uma pedra
Tem uma pedra na beirada da estrada
Tem uma pedra
Na beirada da estrada tem uma pedra.

Nunca me esquecerei dessa bicudada
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
e pra beirada da estrada foi lançada.



20 março, 2008

vamos ao cinema, baby
no domingo
vamos dar um jeitinho, brasileiro
de ir e rir. . .

e-mail

TODA VEZ QUE CHEGA AQUELE E-MAIL CONTANDO TUA VIDA REAL,
MESMO QUE REALIDADES IMAGINADAS OU VISTAS DO TEU PONTO,
TODA VEZ QUE CHEGA,
EU ME DEIXO VOLTAR AOS PENSAMENTOS QUE CHEIRAM, TOCAM E SENTEM...
EU ME LEMBRO DAS NOSSAS VERDADES E ME VISTO COM AS NOSSAS REALIDADES.

09 março, 2008

em dia

Por ser o amor ainda
Essa vida essa fonte que brota
Sem data sem onde sem fim
E pelo amor com que em dia
A vida te prepara encontro
Sais o peito
Escorres o abraço
E te pego acordado
Olhando calado
Completamente
Concentrado

poema rabiscos

as

vezes

precisamos

de alguns

rabiscos

02 março, 2008

atravessa I

avessa ao atraso
de ave no ovo
Atravesso jardins, ainda

atravessarei
jardins do oriente

nascerei
pelo aconchego da temperatura

não durarei, não duraremos...

em um dia
se esclarecerá no céu a minha asa
Para desaparecer com a velocidade da luz

21 fevereiro, 2008

não é agora

o vejo
ao meu redor
e está revezando
os quietos e inquietos
em pernas e braços
que hora esticam
hora dobram
pra passar por minha diagonal

aproveito
rio, choro, durmo,
desço, cresço,
volto, sumo,
e reapareço

é preciso aproveitar,
ser permanecer,
sorriso soltar,
saltar, tentar
esquecer
que amanhã
de mim
a distancia o tomará

19 fevereiro, 2008

música, pote de açúcar

eu não me surpreendo
em me encantar
com as palavras doces
de um poema
mesmo que não
manuscrito

eu não me surpreendo
com a doçura dos cantos
açucarados crocantes
que me encantam

afinal,
o que poderíamos fazer por aí?
andaríamos pela cidade? suja
entupida inundada
pelos corações? desertos
infecundas solidões

eu não me surpreendo mais
com ideais, por mais
carinhosos
ou com a companhia
de uns sorrisos

afinal,
o que faríamos por aí?
moraríamos em porões? escuros
impróprias habitações

é compreensível
que todas as gentes busquem,
em todas as formas de expressão,
regional/universal, ir além
do que, o que quer que seja,
cumpra com todas
as esperanças de redenção
e sofisticação do verbo

vamos viver

astro
atrocidades
urbanas
vamosparar.com.isso

09 fevereiro, 2008

Eu sou a futilidade

Saí para
“fazer as unhas”

Deparei-me
Com um tumulto de cores
de todos os nomes:

star, estrela-do-mar, marítima, maresias,
princesa, diva, rainha, Tieta, vulcão,
cobre, ouro, prata, rubra, renda, castelo, branco, polar,
mel, chocolate, profecia, sol, lunar,
fofura, fortuna, carícia, carinho, caminho,
rouge, lavanda, opalina, golden, glória,
cigana, vendada, tanga, baunilha, Rita, gatinha,
rosa antigo, Zumbi, zaz,
Gabriela, pimenta, gaia, paz,
seda, sublime, Luiza, vitaminada,
Constança, Cris,
raio de luz, luz do coração,
fragmentos, paixão,
natural, final feliz,
só pra começar...


Além dos cintilantes
insinuantes

Voltei esmaltada
cor da pele
E fiquei a pensar
na cor incolor
nas inutilidades
no ser em vão a mostra
que monta perfis estilosos
aos tantos, nomes
aos todos, funks
aos parágrafos, linhas
sob o sobretudo
da ilusão.



04 fevereiro, 2008

PORTA ABERTA, LUZ APAGADA

Procurando por alguém?

Pode entrar.
 

Todos podem entrar,
 

poucos conseguem ver.

Tua busca no mundo,


tua língua na boca,


tua vontade de conhecer o que não pode ver.


Entre vamos. Quero que entre.


Sem lupas, óculos, livros.


Voz? Às vezes. O certo é que aqui,


os olhos de fora não podem ver,


mas seu corpo pode sentir a presença


de todas as imagens e de todas as sonoridades.


Deixe aí as velas, a eletricidade, qualquer claridade.


A luz pode atrapalhar. Venha. Entre. Procure. É de graça.

Mas pode custar...

VENTA

VEM VER TEU MAR
COMIGO
DE HELICÓPTERO
desce
FAZ VENTO NA TUA ÁGUA
BALANÇA A TUA ÁGUA
OLHA AS TUAS MINIATURAS
A COLEÇÃO INTEIRA DE MINIATURAS
OLHA OS TEUS PORMENORES
TODOS OS DETALHES
DE PERTO
BEM PERTO
QUASE TOCA
QUASE ASSUSTA
e sobe

VEM
VEM VER COMIGO
FORMIGAs

formiga comigo

30 janeiro, 2008

Mas pra que te contar

Ah,
Se eu estivesse
Num desses avarandados
Numa dessas praias pouco visitadas
Com o corpo torto
No tecido duma rede,
Ou o corpo torto
No tecido da canga estendida na areia
Pouco vento, pouco sol,
E os seus livros a mão.

Depois,
Se eu pudesse
Guarda-los
Na mala, na bolsa
Ou joga-los

E então,
Eu chão,
Você, verso torto em mãos,
Cuidadosamente tateado.

Ah
Se...Sei
Nós
Não seremos
Palavras, tempo, medo, prosa.

Por enquanto,
Imprimo correspondências
Pra fazer mural no corredor

06 janeiro, 2008

Antes

Antes que vire o jogo e a mesa e a carta e a cara
Antes que vingue as horas
Antes da escuridão
Da audição
Da mão na mão
Do mano a mano
Antes do intento
Não deixe o tempo perceber você
Passe suas camisas
Ajeite a gola
Use tom sobre tom
Esfregue a cozinha
Compre copos plásticos
Eu não quero mais cacos no chão
Arrume a casa
Para fazermos novamente as bagunças
Que sempre sobressaíram as nossas promessas de decoração

São os depois implanejáveis que dão aos antes gostos irresistíveis.
Nunca saberemos se tiveram mesmo os sabores inesquecíveis.

Querido Pareto,

Dentre todas essas vantagens e desvantagens que o homem se impõe diante da forma econômica de organização social, percebi o que disse. Existe um equilíbrio lá no infinito, onde tudo que eu ganhei eu perdi, onde tudo que eu perdi eu ganhei. Lá, nos somatórios, um ponto tal que, tendendo e tendendo, me coloca no eixo que anula tudo, um eixo tal que, compensando pelas preciosidades, não me faz dar um passo, um passinho fora do nulo. Lá, continuar significa o nem mais nem menos, o não perder e o não ganhar também. Sem os dois lados da moeda. E se as Economias não lhe forem fazer falta, e se não lhe faltarem ou sobrarem sentimentos, lá, eu gostaria que me encontrasse. Quero tomar lições. Entender como os movimentos humanos rompem o equilíbrio. Saber dos ótimos e da indiferença. Quero saber assim... como mulher cheirando lavanda de atacado. Depois varejo. Velejo e me arejo.

Percebi seus olhos

Pois se me fala:
- Interessantes seus assuntos.
Com paciência eu ouço o resto da sua análise,
Mesmo pensando:
-Salta do púlpito, senhor da observação.

Pois se as escalas, de medir, são para validar o pensamento próprio,
Donde não vem a sua superioridade, também não vem a minha.

Pois se o seu eu, acima do talvez, não convence o meu,
Já não quero saber os porquês.

Pois se me coloca como líquido em tubo de ensaio,
Saio, ou explodo em seu laboratório.

Corações libertos

Conheci um gênio que não sabe o que é o amor
Passei de pena a pavor em segundos de conversa
Eu tentei ouvir mais
Eu tentei falar de coração
Eu mostrei o horizonte
Mas o marca-passo do tempo
Deixou espaço para uma despedida
Sem abraço sincero
Sem beijo molhado
Sem graça
Uma despedida repleta de faltas
Falta de interior
Algo que ninguém aprende sem querer
Mas que se apreende descuidadamente
Quando o ouvir é desarmado
E as falas são desinteressadas
E as conversas se encaminham por descaminhos
E os descaminhos por estradas
Pelas quais somente um velho coração
Sabe trilhar, sem medo de se entregar...
Carências de todo um mundo
As quais somente a sabedoria de um coração farto de vida
Sabe suprir, sem medo de se perder...

Viés

Não sei se o amor
Não sei se a lógica
Sei eu hoje, no viés da divisa

Nem tanto ao sonho
Nem tanto a mim
Nem tão anil ou ao ponto

Desde que me falte a ciência
Não me falta nada
Todos os dias estão prontos

Bem doce

Suando pra perceber
Regionalismos
Tempos individuais
Escolhas intertemporais
Cheiro de gente
Desodorante pra todos os poluentes.

Quero um tanque de caldo de cana
De todos os canaviais...

27 dezembro, 2007

poemazinho

as suas mãos são moldura
de rosto que não é pintura

Ignorância

As coisas que são boas
Pra serem cantadas
Por serem encantadas
Fazem com que a voz
Saia e sambe
Com as vontades
E as danças pacificadoras
Mas
As coisas mais apaziguantes
Por serem intraduzíveis
Não precisam
Das vozes e danças
Gritos ou molas...
No cristal da minha bola
A completude
Até pode ser
Baixar Atlas
E buscar altitudes...

09 dezembro, 2007

Bambuzal

Hora do almoço de domingo, entrar no carro, estacionado a uma sombra, e procurar por um restaurante gostoso e agradável, dentro do meu bolso. Aquele ali, aquele ali. Qual? O da esquina redonda, com mini-hibiscos na decoração da entrada. Mas naquele é difícil uma vaga para o carro. Não, não é não. Olha aqui uma vaguinha... Estaciona, estaciona... Trouxe dinheiro pro guardinha? Vou pagar na volta, com o troco. Deixa que eu pago então, são dois reais, não são? São. Olha os hibiscos! Som ambiente. Essa mesa está boa. De fácil acesso pro garçom e meio aqui no canto, onde não seremos incomodados se alguém beber muito, se alguém passar mal, se alguém tentar interagir conosco. Mas que medo é esse? Não é medo, é precaução, hoje em dia, eu nem abro mais a janela do meu ap pra não facilitar bala perdida. Rodízio. Cupim defumado senhor? Sim. Picanha? Claro. Abacaxi? Não, obrigado. Por favor, uma salada mista. Mista de que senhor? A mista, número um, por favor. E o senhor? A mista, número sete, com mostarda extra e gergelim, por favor. Linguiça Califórnia? Sim, obrigada. Na mesa vizinha dois fazendeiros discutindo as oscilações do preço da arroba bovina no Estado do Mato Grosso do Sul. Maminha? Sim. E eu com o ouvido grudado na caixa de som, deliciando besame mucho, com João Gilberto e Caetano Veloso, ao vivo em Buenos Aires, ao que se levanta o fazendeiro maior. Garçom, você faria a gentileza de trocar esse Roberto Carlos? Agora mesmo senhor. Toscana? Sim. O casal que dançava espremido entre o caixa e a geladeira sentou-se amargurado e pediu logo a sobremesa. Sorvete de baunilha com cobertura de goiabada. Medalhão senhor? Sim. E também a conta, por favor. Tchau tchau hibiscos.

24 novembro, 2007

Mosaico

Um pouco sou eu no mundo outro pouco é o mundo em muitos pedaços colados em mim, mosaicos de linhas e vertentes, que hora dizem, hora tendem, hora entendem, hora descolam pra voar papel picado e juntar em outros tornados. Às vezes os pensamentos povoam luas e martes e terras onde moram perigos iluminados. Meu povo me diz, com a boca da noite, felicidades pastoris e realidades anis. Com a mesma boca, contam os contos dos anos a fio, das plantações de flores sortidas, dos maracujás as laranjeiras, e doces e danças e cultos e lutas e lendas.  Habituemos-nos, a saber, e sentir que aqui e ali, neste ou noutro grupo, muitas coisas aproximam e distanciam ao mesmo tempo. As rixas e rimas cada um é quem canta. Para lá daqui, o que lhe agrada é seu e do todo;  o que não lhe agrada é seu e do todo. E tudo é meu também.

11 novembro, 2007

filho
..ilha
..mar
..mãe

..mur
.........murar
..pre
.........encher
..ali
......nhar


...aqui
...........ao lado
bêbado cantando na rodoviária
bésame mucho

em dueto com o eco



09 novembro, 2007

paSSeio


(para Pedro Afonso)


A vida
Ocupa
Espaço
De abraço de filho

As mãos
Foram feitas
Pra participarem
Do cabelo

Os rostos
Por vezes
Querem
Tocar os rostos

E as vozes
Também
Podem sair
Juntas

Mas antes,
Conferência do fôlego
Depois da curva
Da gargalhada



30 outubro, 2007

OM

Quando tudo
parece
desmerecer
esvazio
num canto
não mantra
e percebo
uma galáxia
interagindo
com a minha

27 outubro, 2007

. . . . . . . . . . .

a beleza

é expansível

. . . . . . . . . . .

deixe-a invadi-lo

até o fundo do Verso

. . . . . . . . . . .

25 outubro, 2007

Suavidades




As notícias chegam agora
Como se viessem sós.
Sem os autores.
Sem muitos achados.
E eu lendo meu Al-Chaer favorito...

Algumas pessoas chegam de jato
Outras chegam a pé, aos passos,
Como atores
Mas não em dia de procissão
Nem em dia com a esteira

Aquelas que têm em mente
Os favores, as Dolores, os folclores,
Os transtornos,
Sem memórias indeléveis,
Carregam o que passarão pros filhos

Outras têm em mente
Que a pessoa é uma só,
Sem pudores,
E pode desenvolver-se no mundo
Com os pés da própria alma

Eu, quando ia de trem,
Olhava as paisagens e bem
Que percebia as diferenças
Mas agora, indo de fibra óptica,
Nem consigo mais reparar...
NÃO DÁ TEMPO

O tempo de quem só tem por onde correr
No asfalto

De quem nada tem a dizer
Ao auto-atendimento

De quem só tem pra onde voltar
Quando erra o caminho

De quem nada pode esconder
Dos olhos fechados

De quem vira ponteiro
E não pula

De quem vira o avesso
E não acha

De quem toma mais um copo
E passa

Ó gente,
Que nem em si se vê pessoa
Que ao redor não vê espaço
Que no horizonte não vê uma linha
Que nem sabe que o olho vê, a princípio, pra fora.

21 outubro, 2007

Banana-passa

Curvas em s
Quinas em v
Quintas de sol
Poderiam durar...

entretanto

É bom eSSe cheiro de chuVa
Molhando as pimentas do meu quintal...

AtraveSSo chuVa,
molho pé, amaSSo uVas.
Olho um sol,
Não sei ver horas [Quer que eu veja?]

É bom eSSe cheiro de chuVa
Na minha salada tropical...

16 outubro, 2007

Cerâmica

Só quando pinta uma tela
dessas que lembram amigos, amores
dessas que trazem figuras,
cantores desses que mostram cores
na entrada da cidade,

e flores até a placa de boa viagem...

quando pinta dessa tela
um borro de vontade tranquila
eu acho barro

eu viro argila
e suas modelações

modulo,
não molduro

12 outubro, 2007

Recado refrão

Vi jangada saindo. Bateu-me ciúme das águas. Mesmo aSSim, escondi um sorriso, num canto de mar, pro meu bem achar. Tela sumiu, sal adoçou, meu bem demorou mas voltou cantando: felicidade é ser feliz, esse é o importante que eu importo da cidade virtual. O amor existe, o resto é sal.

05 outubro, 2007

Bem-vindo

Vastas horas sem tema
Todas frases sem pontos finais...
Puras reticências... Puras...
Sem continuidades todas as continuidades
Como anuidades a receber
Como dever que não se deve à prestação todas as apresentações
Todas representações gráficas
Nada fora dentro sempre a modificar
Todos os aos poucos e devagar e sempre
Em revezamento com o nunca
Mais ainda as formalidades... Todas as formalidades
As formações mal-acabadas... quem sabe
Todas alusões ao infinito, agora
Mil apontamentos sobre que é ser feliz, (?)
E o rigor da língua e das gravatas e das línguas e do terno amaSSado